Preta Gil nos deixou, mas seu legado continua vivo
Preta Gil nos deixou, mas seu legado continua vivo


O Brasil perdeu uma de suas vozes mais fortes e amorosas. A cantora Preta Gil faleceu neste domingo, 20 de julho, aos 50 anos, em Nova York. Ela estava em tratamento contra um câncer de intestino e buscava, nos Estados Unidos, uma nova alternativa de cura. A notícia foi confirmada pela família.

Preta vinha enfrentando a doença desde janeiro de 2023, passando por quimioterapia, radioterapia e cirurgia. Depois de um tempo de recuperação, o câncer voltou em 2024. Já em 2025, ela embarcou para Nova York tentando mais uma possibilidade, mas seu quadro piorou nas últimas semanas.

A luta foi longa, corajosa e pública. Ela dividiu com os fãs cada etapa do tratamento, sempre com a mesma transparência que marcou sua vida inteira.


Mais do que artista: uma guerreira

Preta Maria Gadelha Gil Moreira nasceu no Rio, em 1974. Filha de Gilberto Gil com Sandra Gadelha, ela cresceu cercada de música, arte e liberdade. Em 2003, lançou seu primeiro álbum, Prêt-à-Porter, com composições próprias e releituras de outros artistas — incluindo “Sinais de Fogo”, que virou hit e até hoje é lembrada com carinho pelos fãs.

Preta nunca ficou só na música. Ela brilhou na TV, no teatro, nos bastidores. Foi atriz e participou da novela ‘Agora É Que São Elas no ano de 2003, também foi apresentadora, empresária. Fundou a Mynd, agência que virou referência em marketing de influência. E claro, foi a dona de um dos blocos de Carnaval mais vibrantes do Rio, o Bloco da Preta, onde alegria e diversidade caminhavam juntas.


Preta era dessas que chegavam e preenchiam o ambiente. Com riso fácil, emoção à flor da pele e uma verdade que ninguém ignorava.


Corpo político, alma generosa

Preta sempre soube que sua existência era política. Mulher negra, gorda, artista, mãe, neta, avó, filha de um ícone. Ela falava, com todas as letras, sobre representatividade, sobre autoestima, sobre amar o próprio corpo, sobre ser quem se é. Defendia pautas como o combate à gordofobia, os direitos LGBTQIA+, o antirracismo.

Ela usava o palco e as redes para abrir espaço para outras vozes. E fazia isso com coragem e com afeto, mesmo quando o mundo parecia pesado demais.

Leia mais: Folha - Preta Gil, cantora e ativista, morre aos 50 anos

A despedida que comoveu o país

Logo que a notícia foi confirmada, artistas, amigos e fãs começaram a se manifestar. Ivete Sangalo, Taís Araújo, Cláudia Raia, Angélica, Carolina Dieckmann e tantos outros deixaram mensagens emocionadas, lembrando da força, da luz e da generosidade de Preta.


O governo do Rio de Janeiro decretou luto oficial de três dias, reconhecendo sua importância para a cultura brasileira.


Fica o amor, a arte e o exemplo

Preta Gil deixa seu filho, Francisco, e a neta, Sol de Maria. Mas também deixa um legado imenso. Ela inspirou mulheres a se aceitarem, a se posicionarem, a viverem com autenticidade. Preta foi coragem, foi riso, foi lágrima, foi intensidade. E foi também colo.

Preta ensinou que ser vulnerável também é uma forma de ser forte. E que arte é, antes de tudo, uma forma de amar o outro.

Seu nome continua presente na história da música brasileira, mas o que mais ecoa é o que ela representava: liberdade, afeto, resistência.

Preta se foi, mas sua voz e seu coração enorme, seguem vivos em todos que tiveram a sorte de cruzar seu caminho, mesmo que só pela tela ou pelo som de um fone de ouvido.

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