Strip tease: fazer ou não?
Kim Basinger manejou um chicotinho atrás de uma persiana, se enrolou em um fio de telefone, se esfregou em uma parede e rebolou horrores até ficar completamente pelada diante das luzes da cidade, em uma cena memorável do filme 9 1/2 Semanas de Amor. Salma Hayek se enroscou em uma cobra do tamanho de uma anaconda e se lambuzou de tequila diante de um punhado de sujeitos mal-encarados, em Um Drinque no Inferno. Jessica Alba requebrou no estilo cyber-vaqueira em Sin City - A Cidade do Pecado. Demi Moore arrancou terno, gravata e chapéu em Striptease. E Rita Hayworth... Bem, Rita Hayworth enlouqueceu gerações e gerações de marmanjos despindo apenas... uma luva! - no clássico noir Gilda.
A interminável lista de musas do cinema que, ao longo de décadas e das mais variadas maneiras, deixaram espectadores sem fôlego tirando pedaços de roupas está aí para mostrar: o striptease é campeão absoluto na lista das pequenas safadezas que prometem esquentar a rotina sexual das pessoas.
Vá ao Google. São mais de 1,4 milhões de referências a strip. Vá ao YouTube. São mais de 3 mil vídeos dedicados ao tema. Vá às livrarias. Os exemplares de Minha Vida de Stripper, da americana Diablo Cody, esgotaram-se quatro meses depois de seu lançamento. No livro, essa americana de 24 anos conta sua rotina de profissional do entretenimento noturno, mas salpica dicas divertidas para quem quer tirar a roupa com fins eróticos - e até lista a melhor trilha para a prática. (Valem músicas como Purple Rain, de Prince; Back Door Man, do The Doors; ou Honky Tonk Woman, dos Rolling Stones).
E vá para a vida real, ali na privacidade do seu quarto e... e agora? Comprar roupas provocantes? Ensaiar uma coreografia em torno de uma cadeira? Decorar manobras eróticas quando você mal sabe fazer uma baliza?
Relaxe e goze...
Como o que tudo o que diz respeito a sexo, o conselho aqui é... relaxe. Se pintar a vontade de dar uma de Pamela Anderson (a mais conhecida stripper de todos os tempos), quem há de condená-la, querida leitora? Siga em frente, mas dispa-se do medo do ridículo e não leve a coisa a sério. E vá de peça em peça, na brincadeira. "Quem começa de forma mais leve, com menos expectativas, corre menos risco. Ousando por etapas, você fica no controle", aconselha a psicóloga de relacionamentos Rosa Avello.
A paulistana F.P., 29 anos, encarou esse desafio cinematográfico - e fez strip duas vezes para o ex-namorado. A primeira vez não deu muito certo, por excesso de solenidade da coisa. "Eu queria fazer uma surpresa. Comprei um CD da Sade, ensaiei alguns movimentos, coloquei uma cinta-liga preta e avisei por telefone que ele ganharia um presentinho à noite." Mas lá veio a vida como ela é, e o casal acabou indo jantar tarde e depois foi para um flat. "Ele estava cansado... Para piorar, não tinha aparelho de CD no quarto. Fiz sem música mesmo, fiquei meio travada. Mas mesmo assim ele gostou", afirma. Em sua segunda atuação, ela se saiu melhorzinha. "Eu tinha bebido um pouquinho, estava mais solta e tinha música. Deu tudo certo e ele adorou."
A moral da experiência, segundo ela: o homem se estimula muito rápido e qualquer coisa que fuja da rotina contribui mesmo para excitá-lo. "A mulher é que tem uma visão perfeccionista de que tudo tem de estar lindo, o corpo perfeito, a coreografia decorada. Mas homem não se liga nisso. Uma vez eu resolvi comprar uma algema de oncinha. Só de mostrá-la ele já ficou todo animado."
P. A., 27 anos, já fez vários strips para o ex-namorado. Mas não ousa repetir a dose com o atual. "Com o anterior tinha a ver fazer, ele tinha uma personalidade brincalhona e me dava abertura para este tipo de performance. Mas acho que meu atual namorado acharia babaquice." Ela conta que uma vez, na Páscoa, foi encontrar com o ex em Florianópolis. "Fazia dois meses que a gente não se via. Botei uma roupa de coelho, um maiô cavado com pompons, e enchi uma cesta com objetos eróticos. Até bigodinhos na bochecha eu fiz. Quando ele chegou, comecei a dançar. Ele caiu na risada, foi superengraçado. Transamos alucinadamente, feito coelhos."
Estou preparada para o strip tease?
Mesmo encarando a coisa toda na brincadeira, Rosa Avello adverte: a mulher deve responder a algumas perguntas antes de encarar uma cena assim. A relação é aberta para este tipo de jogo sexual? Eu me sinto à vontade fazendo isso ou acredito que estou me expondo? Quero fazer strip por vaidade, porque é moda ou porque vai ser legal para o casal? "Ela precisa conhecer a intenção do seu ato, saber exatamente o que está fazendo para não se submeter a um grande constrangimento ou provocar um conflito com o parceiro", diz a psicóloga.
Mas, afinal, porque o "despir provocando" - tradução literal do termo striptease, cujo primeiro registro histórico data de 1917 - integra a mitologia do "sexo quente" há tanto tempo - e principalmente entre os homens? Especialistas dizem que os "machos" se excitam pela visão, enquanto as "fêmeas" entram no clima com palavras e toques. "No striptease o homem estabelece uma relação de sedução com a moça. É um jogo de ilusão, em que ele pode dar vazão a vários tipos de fantasias. Pode, por exemplo, se achar poderoso e no controle da situação. Ou pode se satisfazer por imaginar uma mulher que lhe faz lembrar momentos da adolescência", diz Rosa. Ou pode, simplesmente, se divertir com a situação...
E para a mulher, qual a vantagem do strip? "Se ela estiver bem consigo mesma, se sentirá desejada, apreciada, o máximo", responde a psicóloga.
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