Atos excessivos de compras podem ser alerta para uma doença psicológica. Saiba as características dessas pessoas e se você enquadra nesse perfil
Trata-se de uma doença na qual a pessoa tem ausência de controle sobre o próprio ato e, muitas vezes, a compra gera arrependimento ou constrangimento posteriormente. “O consumista pode gerar prejuízo financeiro e a pessoa pode não conseguir saldar as dívidas com seus recursos, recorrendo, então, a empréstimos e outros artifícios bancários”, explica o psicólogo Fábio Passos, especialista em terapia comportamental e cognitiva pela USP.
Características
De acordo com o psicólogo e psicoterapeuta Marcelo Toniette, que atende em São Paulo, a pessoa que tem compulsão para as compras geralmente apresenta dificuldades emocionais, como ansiedade, autoestima baixa, carência, entre outros. “As compras, de certo modo, despertam na pessoa uma falsa sensação de compensação para essas dificuldades emocionais. A pessoa não admite ter algum problema, mesmo quando pessoas próximas a alertam sobre isso, pelo contrário, sempre que realiza mais uma compra, sente-se recompensada”, alerta o psicólogo.
O resultado disso é que a pessoa perde a consciência de limites, inclusive da própria condição financeira. Ela acaba endividando-se, gerando uma série de consequências negativas para si e para as suas relações, aumentando ainda mais seus problemas emocionais.
Tratamento
No primeiro momento, o tratamento consiste em auxiliar a pessoa a admitir que tem o problema, pois, enquanto ela não admitir isso o tratamento fica inviável. Segundo Toniette, a partir dessa consciência, o foco é identificar fatores que levam a pessoa ao consumo exagerado. “Auxiliamos as pessoas e ajudamos a administrar os conflitos internos, quebrando a associação que faz entre o ato de comprar e o sentimento de gratificação”, diz.
A base do tratamento é ajudar a pessoa a perceber que comprar não vai resolver conflitos internos, pelo contrário, que somente gerará ainda mais angústia e sofrimento.
O importante nesse momento é contar com o apoio da família e amigos. Sabrina dos Santos Patto, psicoterapeuta (Membro Certificado Clínico da UNAT Brasil – União Nacional dos Analistas Transacionais) diz que conversas auxiliam a pessoa a compreender que seu comportamento causa problemas para a família. Além disso, as pessoas próximas não devem assumir a dívida do outro.
O psicólogo Passos completa dizendo que uma pessoa próxima pode supervisionar os gastos desta pessoa que está comprando compulsivamente. “Pode até mesmo administrar suas finanças durante o período de intervenção, no qual ela está ainda treinando as habilidades necessárias para deixar de ter tal comportamento”, explica.
Importante ressaltar que a pessoa compulsiva precisará sempre estar atenta, planejar e gerenciar seus comportamentos e atitudes com relação ao consumo. Ela não deve necessariamente ficar longe das lojas, mas precisa saber sobre seus conflitos internos e que as compras não resolverão suas angústias.
“A pessoa que está em tratamento deve planejar e organizar seu consumo e perceber o que é necessário e o que é supérfluo nas compras. Também deve ter o hábito de fazer uma planilha de gastos e despesas”, ressalta o psicólogo Toniette.
Essas medidas tendem a auxiliar a pessoa a perceber suas reais necessidades, criando uma consciência dos próprios limites – e até limitações –, afastando-se dos comportamentos e atitudes impulsivos.
Créditos:
Fábio Passos
www.psicologofabiopassos.com.br
Marcelo Toniette
www.matoniette.psc.br
Sabrina dos Santos Patto
www.psicologasabrinapatto.com